quinta-feira, 26 de março de 2009

Luz, camera, ação!

Ontem, tivemos no Nzingasalvador um treino diferente, ou melhor, igual. Vou explicar: eu e a Janja fizemos a aula normal. A diferença é que tinham 2 equipes de filamgens trabalhando e compatilhando os mesmos holofotes. Uma das equipes era da parte do mestre Joãozinho de bh ou João monge ou João espiritual... Estavam em Salvador para gravarem cenas de um importante documentario abordando a volta que o mundo dá com a capoeira, ou coisa parecida. Antes de ontem, eles gravaram com o mestre Moraes. Estavam esperando o mestre Cobra Mansa voltar para a capital, para tambem grava-lo. Entrevistaram o muleeke Leo. A outra equipe era de um canal de tv da Coreia do Sul que tava recolhendo imagens e sons da cultura popular. A tarde tinham gravado com meu irmão Gereba e seu violão, e quem intermediou o contato com a gente. Esses, entrevistaram o muleeke Antonio. Contando ainda com as entrevistas da mestra Janja. Para fechar a aulinha, uma rodinha basica de 30 minutos. A ação foi boa, apesar das luzes e cameras.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Gerações na capoeira!

Gostaria de saudar pelo nome, alguns mestres antigos que já tive o prazer de ver em ação, de outros nem tão antigos e de alguns jovens. Em todos estes busco inspiração para jogar e viver, viver e jogar! Pude ver e jogar com os bambas da capoeira angola. Com alguns deles, joguei nos meus primeiros passos de angoleiro e na inocencia de iniciante. Outros, só tive o prazer de ver cantar e fazer uma pequena mandinga, como foi o caso de Mestre Valdemar poucos meses antes de morrer, quando esteve no GCAP, acompanhado pelos mestres João Grande, Gaguinho, Fernando (que tocava berimbau no CECA de Pastinha) e Cobra Mansa. Me lembro como se fosse hoje de uma das rodas que fazíamos em domingos alternados, à tarde no Forte de Santo Antonio. Tenho fotos deste dia. Chegaram todos juntos! Houve uma pequena agitação no ambiente, enquanto os mestres faziam poses para as fotos. Depois, eles arrodearam a roda e o velho mestre cantou uma de suas famosas ladainhas, quando então, ao termina-la, entrou na roda e deu uma mandingada ao pé do berimbau e depois retornou para sentar. Foi só isso e isso foi tudo! A emoção foi grande naquele momento. Foi como se estar numa mata e sentir o vento soprar nas folhas provocando um barulhinho bom. Foi como se eu de repente tivesse percebido a natureza se expressando pela capoeira. "A capoeira angola é uma especie de natureza"(J. Pequeno). São essas sensações que quardo daquele dia em que fiquei lado a lado com o velho mestre Valdemar, mourão da tradição angoleira em uma de suas ultimas aparições publicas. O Dono do Barracão. Era expoente de uma outra escola angoleira, tão legítima quanto a do mestre Pastinha. O capoeirista que inventou a pintura em berimbaus e que por isso foi muito criticado na época. Assim como o foi Pastinha, quando na época ressaltou os princípios da "não-violencia" e interpretou os princípios filosóficos da capoeira angola. Ngunzo para os Mestres:
+Valdemar da Liberdade
+Bobó
+Zacarias
+Caiçara
+Canjiquinha
+Paulo dos Anjos
+Bom Cabrito
+Dois de Ouro
+Gerson Quadrado
+Ezequiel
+Di Mola
+Leopoldina
+Caiçara


-João Pequeno
-João Grande
-Curió
-Bigodinho
-Boca Rica
-Pelé da Bomba
-Brandãozinho
-Gaguinho
-Bigu
-Ananias
-Gagé
-Bola Sete
-Moraes
-Lua de Bobó
-Lua Rasta
-Jorge Saélite
-Renê
-Zé do Lenço
-Marco Aurélio (RJ)
-Braga (RJ)
-Neco (RJ)
-Zé Carlos (RJ)
-Angolinha (RJ)
-Rogerio (BH)
-Jurandir (BH)
-Cobra Mansa (BH)
-Mano (RJ)
-Lumumba (RJ)


-Manoel (RJ)
-Jogo de Dentro
-Barba Branca
-Roberval
-Rosalvo
-Laercio
-Gabriel
-Faisca
-Pé de Chumbo
-Mano (RJ)
-Lumumba (RJ)
-Valmir
-Poloca
-Janja
-Paulinha
-Boca do Rio
-Jararaca
-Elma

domingo, 22 de março de 2009

Tradição e Filosofia!






No dia 12 de março, quinta feira, fui ver o lançamento do livro “Mestre e Capoeiras famosos da Bahia”de autoria do professor Dr. Pedro Abib, da Faculdade de Educação da Ufba e, tambem aluno do mestre João Pequeno de Pastinha. Não pude deixar de notar a ausência dos velhos mestres, inclusive retratados neste livro. Mestre João Pequeno, mestre Boca Rica e mestre Pelé da Bomba estavam lá.


Mesmo sem ainda ter lido o livro de Pedro, sei que se trata de um documento importantíssimo para a historia da capoeira pois, estão lá, os nossos heróis, personagens que já passaram por esta vida e que nós não sabemos absolutamente nada de suas trajetórias na capoeiragem, e de outros que já se foram mas, felizmente tivemos a oportunidade de conviver com eles em algumas ocasiões.
Lembro-me de quando no inicio de janeiro deste ano, fui assistir tambem no Forte de Santo Antonio, ao lançamento do dvd sobre a vida do mestre Pelé, e lá também não tinha um mestre antigo sequer. Nem mesmo os que normalmente tem os seus espaços dentro daquele forte foram lá prestigiar este evento. O próprio mestre me confidenciou que estava sentido com aquilo... Nestas situações, nós, da nova geração da capoeira angola, sentados humildemente nas filas posteriores de cadeiras, guardando exatamente o lugar dos "velhos mestres", somos requisitados temporariamente para compor o staff de convidados do evento. É importante também, porque assim como nós estamos entrando na fase adulta admirando e respeitando os “seniors”, tem os que estão nascendo e os que estão na primeira infância e que precisam ver todos os anteriores para que, sob amplos horizontes, cresçam. Claro que também é importante para os mais velhos assistirem e acompanharem, mesmo que seja à distancia, a trajetória e caminhos dos mais novos, para que possam reconhece-los no futuro enquanto angoleiros. Estou falando aqui de Tradição na Capoeira Angola. Apesar de ter afirmado acima que sou apenas um jovem na capoeira, já deu de ver muitas coisas que no começo não dava nem para imaginar. Por exemplo, aluno de um determinado grupo ser coordenador de grupo, aqui ou em qualquer lugar, jamais! Nem pensar numa coisa dessas! Hoje, quase 30 anos depois, não passa de uma coisa trivial, inclusive no berço sagrado da capoeira, onde nascem os camaradas... Tudo bem, tudo bem! Para quem foi quase extinta como foi a Capoeira Angola, o momento era e ainda é de expansão, mas por outro lado, tenho receio de cair na ideia maquiavelica de “os fins justificarem os meios” e isso não pega bem, e se não pega bem, pega mal. A Filosofia Pastiniana quase que é completamente desconhecida. Hoje em dia, é importante que nos reportemos muito mais à sabedoria do velho Pastinha, para tentar fazer e ensinar a capoeira angola que ele preconizou , e que por isso até foi discriminado na época, principalmente pelo que propôs no plano conceitual. Que é onde acho que existem as maiores duvidas das varias escolas de capoeira. Principalmente se pensarmos que o numero de golpes na capoeira nem é tão grande assim. Natural será achar que os golpes são a parte mais fácil desta arte angoleira e é isso que os alunos que assumem as responsabilidades de coordenar núcleos pelo mundo afora tem feito. Uns com muito mais competência que outros por terem convivido mais tempo com os seus mestres e terem acumulado mais fundamentos da filosofia do jogo. Nesse aspecto, os casos de alunos estrangeiros desempenhando esse papel amplia a problemática, pois alguns nunca sequer vieram aqui na Bahia ou no Brasil , para dar sentido às varias coisas aprendidas nesse universo capoeiristico, impregnado pelo modo ver o mundo da cultura africana, ao mesmo tempo em que teêm dificuldades de querer aprender a serem pequenos antes de querer aprender a serem grandes. O que vemos então, no exterior, é uma supervalorização do aspecto marcial em detrimento de vários outros aspectos contidos nas amplas e numerosas definições de capoeira angola.
Ouvi certa vez do mestre João Grande que "a capoeira é de quem quer aprender, mas tem que merecer". Nada vem de mão beijada...

sábado, 14 de março de 2009

Mestre Pelé nzingou!


Ontem, sexta feira 13, roda do Nzinga foi diferente. Deu 7 horas e lá não tinha quase nenhum adulto. Muitas crianças! Que alegria! Foram chegando e começamos atrasados. Já tinham rolado uns poucos jogos quando o mestre Pelé chegou com alguns alunos. Foi uma presença que trouxe um ngunzo especial à nossa Nzo a Longo. Ele é a maior presença, quem o conhece sabe disso. Cantou varias ladainhas, varios corridos novos ao nosso repertorio e no final ainda armou uma pequena roda de samba. Ele é um showman. Mas tambem tem as ranzizisses dos antigos. Interpreto como uma visita de reconhecimento ao trabalho que temos desenvolvido em Salvador.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ça Vá!


Quando nos últimos dias de fevereiro desembarquei no Charles De Gaulle em Paris, a minha aluna Luna Vargas estava lá me esperando com a prontidão que todo mestre que ter das suas discípulas/os. Principalmente quando o mestre não falar a língua daquele pais. Mesmo sendo descolado, as vezes fico na maior tensão. Mais ainda quando a gente sabe que determinado pais tem histórico de preconceito e racismo. Nem falo tanto por mim, mas por outros companheiros de jogo que se aventuram pelos aeroportos no mundão de meu Deus e que , as vezes por falar pouco em sua própria lingua, não conseguem um nível satisfatório de comunicação e passam também por seus momentos de tensão. Ça vá, voltando à prontidão, estávamos indo de trem para o centro de Paris, eu e Luna, conversando muito, dando varias gargalhadas, coisa difícil em trens e metrôs da europa, quando lá na frente do vagão tinha uma mulher que a todo instante se virava para nos observar com uma cara amiga, quase sorridente também. A certa altura das risadas, ela exclamou em alto e bom tom: “como era gostoso ouvir a gente falando o português”... Aí a gente chamou-a para vir para junto e participar da conversa. Ela nem pestanejou, veio incontinente em nossa direção e aí notamos que ela carregava uma sacola. Sentou-se imediatamente atrás de mim, pois os assentos ao lado estavam ocupados com a minha bagagem. Nos apresentamos, o nome dela era Iolanda e ela tinha vindo de São Paulo. Estava virando a vida vendendo coxinha. Sim, a nossa coxinha de galinha era o produto que ela estava fazendo sucesso em Paris. Só isso já torna a simples coxinha numa coisa chic. Ça vá! Conversamos mais um pouco e ela foi nos contando que havia acabado de embarcar o filho dela para São Paulo. Ela tinha comprado duas garrafas de um bom vinho francês para mandar de presente para a sua mãe, só que o filho vacilou e não despachou nas malas. Na hora do embarque, as garrafas foram barradas. Medidas de segurança... Por isso Iolanda estava com o pacote nas mãos. A viagem foi longa e a conversa comprida. Lá pras tantas, ela me dá de presente os vinhos e me deseja boas vindas a Paris. Agradeceu a acolhida na conversa e desapareceu numa parada qualquer do percurso. Me senti abençoado e prestigiado pela sorte! A Luna não acreditou na forma como tudo aconteceu. Chegou até a esfregar o seu braço no meu para ver se a sorte pegava nela também. Essa foi a chegada. A saída também é digna de um relato. Sem querer tirar onda, foi quase apoteótico! No ultimo dia do estagio de capoeira, no dia 1 de março/09, depois que encerramos, fomos para um bar confraternizar com os participantes e com as pessoas que foram somente para a roda. Já tinha ido neste local durante o dia para tomar café com leite. Ça Vá! A noite, o tempo estava meio frio, 5 graus, e eu estava com a garganta detonada, rouco. Todos pediram cervejas, menos eu. Perguntei para os amigos, o que o trabalhador bebia depois de cumprir a sua jornada de trabalho decentemente, que era o meu caso. Congnac! Foi isso que comecei a bebericar. Falamos muito em capoeira. Depois mudamos de assuntos. Depois da primeira rodada, tinha um brasileiro com cidadania portuguesa que se aproximou da nossa turma para pedir licença para participar daquele encontro tão alegre e festivo. Foi mais um para engrossar o coro! Ele se ofereceu para pagar o meu congnac, e por extensão a cerveja da rapaziada toda. Era só o começo! A medida que fui bebendo os drinks, o choro da felicidade foi ficando cada vez mais fácil, o que era desejável... Rolou a sessão piadas. Aí então é que foi engraçado... Me lembrei de piadas antigas e históricas. Algumas que tinha aprendido com o mestre Moraes, notavel contador de historias. A essa altura todo o bar já tinha puxado as mesas e cadeiras para próximo da nossa e eu já sabia que todos falavam português. Ou melhor, que todos me entendiam. Aí, no quinto congnac, pedi permissão para contar umas piadas de português. Ao perguntar isso, parecia que eu já tinha contado uma piada, pois todos gargalharam muito. Entendi aquilo como sendo uma permissão. Antes porem, relembrei que em Portugal os brasileiros é que são as vitimas nas piadas...outra piada! Então comecei de fato. Contei varias! Todos estavam muito felizes e a essa altura, as cervejas da rapaziada nem sequer chegavam a metade, já que logo eram trocadas por novas, pois já era grande o numero de pessoas dispostas a pagar uma rodada. O sexto congnac foi oferecido pelo dono do bar, quando já estavamos de pé. Neste momento tambem me perguntou se eu tinha souvenirs para vender e terminou que me comprou dois berimbaus pequenos para movel. Teria ainda na fila uns 10 congnacs para tomar, mas tava chegando a hora de voltar para a casa e a saída não foi nada à francesa. Pelo contrario: todos na porta do bar pedindo para a gente ficar mais um pouco e tomar a saideira. Quase que foi difícil sair de lá...

terça-feira, 10 de março de 2009

Causo veridico!


Tava andando pelo mundo e um amigo me contou este causo totalmente veridico. Foi assim: o mundo capoeiristico estava consternado com a morte do grande M. Valdemar da Liberdade. Todos no enterro rumo à Quinta dos Lázaros no bairro do IAPI. Muitos mestres das mais diversos escolas. O finado mestre Ezequiel ia tocando o berimbau, e quem o conheceu sabe que ele tocava bem demais. O mestre Cobrinha, que ainda não tinha virado mestre Cobra Mansa, até que queria tocar tambem, mas se contentou em ir filmando aquele cortejo funebre com uma moderna maquina filmadora adquirida naqueles dias. Seguia sem perder nehum detalhe. Play, pause, play, pause... Finalmente o cortejo chegou ao cemiterio. O padre pronunciou as tradicionais palavras catolicas, depois teve mais ladainha e berimbau, até que chegou o momento de descer o caixão no buraco. Até aí tudo bem, o caixão já estava no fundo quando de repente uma das cordas usadas para fazer isso ficou presa embaixo dele e o mestre Ezequiel prontamente pisa com um dos dos pés de um lado e com o outro pé pisa do outro lado do buraco para apanhar a corda. Neste instante, uma das bordas do buraco cede e despenca em cima do caixão, levando junto o mestre Ezequiel. Muitos superticiosos de plantão, atribuem a este fato a morte precoce do mestre Ezequiel 6 meses depois. O mestre Cobra Mansa tem essa filmagem...A foto das crianças do Alto da Sereia para iluminar o nosso forum.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Iê, volta do mundo Camará!


Ano passado dei um giro por 5 cantos do mundo: Finlandia, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Mexico. Este ano, acabei de retornar da Italia, Espanha e França. Como sou graduado em Geografia, não me faltam olhos para observar os elementos da paisagem: relevo, vegetação, clima, biodiversidade, oceanos e outros elementos, como por exemplo, os habitos e costumes, as relações humanas, a religião, as varias culinarias, as vestimentas etc. É legal ver e sentir as diferenças, tanto do aspecto fisico quanto do humano. Somos muito diferentes mesmo e até ai beleza... Abro parentesis: No meu tempo de estudante, estudamos um alemão chamado Ratzel, que defendia uma teoria determinista que, a grosso modo, afirmava que os povos das regiões temperadas ou das medias latitudes eram mais desenvolvidos por causa do clima com invernos muito rigorosos e estações bem definidas. Fecho parentesis. Não sei se foi por causa do clima, mas foram esses que se jogaram no mar e terras para explorar outros lugares, dando-se o direito de se apropriarem de riquezas que não eram suas e, escravizar povos que eles supunham menos inteligentes ou com cor da pele diferente da sua. O acumulo de grandes riquezas foi uma questão de tempo, tornando mais facil a tarefa desses estados se transformarem em potencias mundiais no futuro que se seguiu. Escrevo isso mas não nego as contrbuições... Hoje em dia, o que se vê muito na europa e USA é a intolerancia para com esses povos que foram explorados e escravizados no passado. Quase como por ironia, eles pensam que esses pobres estão chegando para lhes tomarem os empregos, as mulheres e as suas riquezas...Isso é ou não uma ironia do destino?
Ao desenbarcar em Milão, há 3 semanas atrás, o policial da imigração ao me liberar, aproveitou e falou em alto e bom tom, que eu mais parecia um traficante colombiano... Vejam só! Tive que engolir isto, pois seria dificil a comunicação... Nunca foi tão facil desrespeitar alguem, mais ainda quando for um europeu na europa contra um do terceiro mundo. Deixei para lá, mas pelo simples fato de estar compartilhando isto com voces, vê-se logo que o negocio não foi facilmente digerivel não. No dia seguinte a isso, tive que comparecer a uma delegacia por livre e espontanea vontade, cumprindo a lei, para registrar a minha presença no chão daquele pais e novamente dizer em qual endereço estaria morando durante a minha curta estadia. Preenchi papeis e os assinei. A minha senhoria estava tomando precauções para não ser atingida pela nova lei de imigração. Obra ingrata do senhor Berlusconi, "bambino de oro" da mafia italiana. Então, uma reflexão que tenho feito é de lembrar do filosfo alemão F. Nietsche, nem sei como se escreve, quando diz:" Meus filhos não são meus filhos, são filhos do mundo." E começo a pensar nos nossos "filhos" da capoeira, soltos no mundo, muitos se quer conhecem o pai ou as mães (no caso do Nzinga). Mas, sabemos que estão lá. E ainda, dentro dessa linha de raciocinio, como tratar todos os filhos indistintamente, imaginando o melhor para cada um deles? A partir dessas demandas existenciais, inevitavel fica não pensar nas coisas que nos move para frente dentro do espaço e tempo da capoeira. Estamos nessa para defender os interesses do nosso grupo primeiramente, ou estamos por uma causa? Na boa, falo isso na maior liberdade, por que sei que o Nzinga é um dos poucos grupos que na opinião de pessoas importantes do mundo da capoeira, faz exatamente o que diz que faz. E é verdade! Então, lutar para se estabelecer como uma instituição que atraves da sua militancia preserva, resgata e divulga os valores da capoeira angola e algumas tradições educativas dos povos bantos é de fato um objetivo a ser alcançado. Poucos falam ainda das ideias do velho Pastinha. Por outro lado, todos querem jogar e ensinar a sua capoeira. Olha o paradoxo! É como se fosse uma conexão encerrada e que no futuro fará muita falta e que alguem ou algum movimento organizado precisará fazer a "re"-conexão. As marcas e cicatrizes desses tempos serão inevitaveis se vierem. Seria: a cabeça separada do corpo. Se uma determinada filosofia não é colocada em pratica, como ela poderá nos transformar? Claro que podemos optar por outra, que seja, mas o que não se pode é fazer de uma e falar de outra. Nas vezes em que viajo, sempre volto com a moral elevada, por perceber e reconhecer as potencialidades dos nossos alunos e alunas sendo desenvolvidas no dia a dia num ambiente de liberdade fazendo com que os cerebros fiquem maiores. E isso não é nenhuma maluquice da minha cabeça, não. É a ciencia que tem afirmado. Encerrando esse papo, diria que num grupo de capoeira existem muitos espaços de vivencias, ocupe-os. Seja o de aluno que só paga a mensalidade em dia, seja o que além de pagar ainda está totalmente envolvido ou seja o que está apenas mais ou menos dentro, com duvidas sobre as escolhas que tem que fazer. Todos tem o seu papel, mas qual a historia que cada um gostaria de escrever nesse papel? Prestem atenção no lugar onde cada um pode se inserir no ambito da genealogia da capoeira angola. Isso não pode passar despercebido. Os nzingueiros de plantão, que estão engajados querendo fazer pela causa da capoeira angola se liguem de quão proximos estão da fonte. Se há alguem querendo seguir os rumos da capoeira angola, isso pode ser feito de duas maneiras: ou se vai atrelado à tradição ou não. A vida não vai se cansar de arranjar demandas e cada um deve ser responsavel pelas escolhas que faz. Se quer fazer carreira solo, assuma e se pique para bem longe. Parecerá facil, mas não acredite em tudo que os seus olhos verem. Se quer ser mestre com reconhecimento dos mais antigos, da velha guarda, então o caminho será longo e cheio de dificuldades, alegrias, compromissos, escolhas, afetos, desafetos e uma porção de coisinhas mais que ainda vão aparecer em nossos caminhos... Concluo afirmando a confiança que tenho em voces para zelar pelo que carinhosamente tem sido ensinado no Grupo Nzinga de Capoeira Angola.